segunda-feira, 19 de março de 2012

É Tudo Verdade: Cuíca de Santo Amaro estreia mundial no Rio de Janeiro e São Paulo

Filme baiano Cuíca de Santo Amaro estreia dia 24 no RJ
A estréia em SP será no dia 29 de março no Cinesesc



Bomba!! Bomba!! Bomba!! / Aguardem!! Em breve!!

No próximo dia 24 de março, às 19h, no Espaço Itaú de Cinema Botafogo, Praia do Botafogo, Rio de Janeiro, o filme documentário de longa metragem (2011, 73 min) Cuíca de Santo Amaro abre a seleção de longas nacionais do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade. O filme tem a direção de Joel de Almeida e Josias Pires, com o apoio do programa Petrobras Cultural.

O Festival programou mais uma sessão do filme no Rio de Janeiro, no dia 27 de março, às 15 no mesmo local. A estreia do filme em São Paulo será no dia 29 de março, às 21h, no Cinesesc– SP, na Rua Augusta, 2075. A segunda sessão do filme em São Paulo será no dia seguinte (30), às 15h, no mesmo lugar.

Comigo não tem bronca, dizia o trovador repórter desassombrado

Trovador maldito da poesia popular do Brasil, personagem controvertida, produz entre 1930 e 1963 cerca de mil títulos de livros de histórias, nome que dá aos folhetos que só depois passaram a ser conhecidos na Bahia como literatura de cordel.

Inspira Jorge Amado e Dias Gomes, que fazem de Cuíca personagem de quatro romances e da peça de teatro que, reapresentada pelo cinema, leva Anselmo Duarte a ganhar a Palma de Ouro em Cannes, com o filme “O Pagador de Promessa (1962). Na mesma época Cuíca de Santo Amaro faz a abertura do filme “A Grande Feira” (1961), de Roberto Pires. Seus livros vendiam como pães quentes nas feiras da Bahia.

É o defensor do povo contra os marreteiros e também o diabo das encruzilhadas, dos mercados, das festas e das frestas, personagem dos avessos e das margens, dos temas proibidos, picarescos, obscenos, malditos. Neste figurino ele aparece em Pastores da Noite e A morte e a morte de Quincas Berro D’Água e na peça O Pagador de Promessas, de Dias Gomes, adaptada para o cinema por Anselmo Duarte.

Faz propaganda comercial em portas de lojas. É histrião e usa métodos não convencionais para a coleta de notícias que usa na confecção de versos. Encarna personagem desabusada, que escreve, publica e vende nas ruas folhetos de protestos em plena II Guerra, reportando com humor a carestia da vida, demonizando Hitler, Mussolini e Plínio Salgado, elogiando Getúlio Vargas e Luís Carlos Prestes – apesar de posteriormente publicar folheto em favor da candidatura do camisa-verde e demonizar Prestes. Muitas performances fez ao lado de cartazes expostos nas ruas com frases e desenhos sobre os temas dos folhetos, ilustrados pelo amigo Sinézio Alves.

Em 1945 Jorge Amado o anuncia como “O Trovador da Bahia”. Em 46, a fama de Cuíca estende-se para todo o país, através da publicação de fotografias de Pierre Verger e de textos de Odorico Tavares e Jorge Amado na revista O Cruzeiro.

Durante duas décadas nas cidades da Bahia Cuíca de Santo Amaro atenta contra o pudor e brada contra a hipocrisia, revela em praça pública segredos de alcova e trapaças de ricos marreteiros. “Comigo não tem bronca”, garante. É a versão popular do boca de brasa, o Gregório de Mattos sem gramática. Poeta mais temido da Bahia é o defensor do povo, a voz do escândalo. É um herói e um anti-herói. Anjo torto, da boca torta. Poeta livre. O maior comunicador que a Bahia já teve.

Equipe

Direção – Joel de Almeida e Josias Pires

Diretor de Fotografia – Paulo Hermida

Direção de Produção Luciana Freitas e Marise Berta

Direção de Arte – Ian Sampaio

Direção Musical – Tuzé de Abreu

Som Direto – Rodrigo Alzueta e Napoleão Cunha

Montagem – Bau Carvalho

Produção Executiva – Adler Paz, Bau Carvalho e Lula Oliveira

Voz de Cuíca de Santo Amaro – Gil Teixeira

Programa do Festival http://www.itsalltrue.com.br/2012/index.asp

domingo, 24 de janeiro de 2010

Cuíca de Santo Amaro, esteta das partes baixas

por Josias Pires

Um filme de estranhamento, reconhecimento e transformação.

A comunicação social é tema tão relevante no Brasil quanto a reforma agrária e a justiça social. O personagem deste filme é um comunicador popular, um poeta de rua, um propagandista que põe o dedo da ferida no campo da comunicação e expõe a hipocrisia dos que pousam de vestais em público e são venais na vida privada.

Para começo de conversa, é irrelevante o andar dizendo que Cuíca de Santo Amaro não merece ser personagem de livros e filmes. Quanta maldade com a memória de um dos mais instigantes trovadores da Bahia. Cuíca merece e tem o direito de ter a sua memória registrada como nós temos o direito de fazer este trabalho e o público tem o direito de conhecer essa história. A violência contra rimas imperfeitas e pés-quebrados tenta esconder a força da atuação de um poeta singular, corajoso, que faz o bom e o mal combate, que acende uma vela para deus e outra para o diabo; que enfrenta e se alia com a polícia e se vale da retaguarda que consegue reunir para proteger-se no mundo cão em que vivia.

“Muita gente tem vontade / que a polícia me encane / acho eu muito possível / que esta gente se engane / pois estou ainda mais forte / e tão firme como arame”.

Quem faz críticas fáceis e formalistas contra Cuíca pouco compreende que esta é uma personagem de mil faces. Andarilho das encruzilhadas, dos mercados e das feiras. O rei do deboche, do riso solto. Assumia os seus preconceitos, os vícios e defeitos e anunciava as virtudes, a maior delas: dizer a verdade. Cuíca de Santo Amaro é um personagem que traz o que Muniz Sodré chama de “rito de veridicção”, ele expõe verdades não-ditas, para não dizer malditas, incômodas e faz isto com o espírito do grotesco, do grotesco crítico, antecipatório, porém diferente do grotesco mundo cão da TV.

Amado, temido e odiado na sua época – amado pelo povo, temido e odiado por tubarões e por quem tinha algo a esconder, Cuíca farejava e difundia fatos sempre presentes na história da humanidade: a própria miséria humana. “É desastre, é crime, é inundação, é tubarão explorando o povo, é galego sacaneando a população, é mulher xumbregando ... o assunto veio, o folheto sai”, dizia. Era um Nelson Rodrigues popular. Um Gregório de Mattos sem gramática. Uma síntese intuitiva, um tributário dos epigramistas, dos humoristas e caricaturistas.

E é incrível constatar que ainda hoje incomoda. Ao ser anunciada a realização do filme através do blog do Galinho e de uma reportagem do jornal A Tarde, esses textos foram deslocados para um site/blog sobre Cordel e surgiram dezenas de comentários descontentes – para dizer o mínimo – com o fato de que está sendo feito um filme sobre Cuíca. Encontramos fontes potenciais do filme, que viveram experiências de compra e venda de informações com Cuíca e que se recusam a falar. Sejamos sinceros: vamos ver e compreender as coisas de frente, conhecendo-as no mais perto da sua inteireza, fugindo dos patrulhamentos, dos julgamentos morais.

Acredito que o debate pode ser melhor focado. A escolha em fazer um filme sobre Cuíca de Santo Amaro não surgiu em detrimento de fazer um filme sobre Leandro Gomes de Barros. Não sei quem inventou esta história de que um foi preterido pelo outro. É evidente que, se puder reunir as condições necessárias farei com o maior prazer um filme sobre Leandro Gomes de Barros e sobre outros cordelistas clássicos, os quais admiro. A escolha por Cuíca deu-se por outras razões. O arquétipo de Cuíca sugere questões importantes para o mundo hoje, para o Brasil e para a Bahia. E é bom que se diga logo: Cuíca não fazia cordel. Fazia “livrinhos de histórias”, como os folhetos eram chamados na sua época. A cobrança formalista sobre Cuíca desmerece a grandeza da sua poética oral. Cuíca não precisava nem escrever, bastava falar, lembra Muniz Sodré.

Evidentemente a poética de Cuíca não presta reverência ao acadêmico, está longe do cordel canônico. A sua poesia estava na Voz, no corpo e não no papel somente. Na rua, declamando, conversando, como na canção as entonações cobrem os espaços que a métrica impressa exige. Na rua como na música a métrica é outra. Autor de poesias-reportagem, de poemas-piadas reivindicados por Oswald de Andrade, Cuíca foi um modernizador da linguagem sem se filiar a nenhuma escola. É maldade reduzi-lo a uma nulidade poética.

“Me parece que os jornais / Da Bahia são comprados / Pois fatos palpitantes / Ficam na redação / Eternamente arquivados. // Digo eu esta verdade / Porque isto é o meu dever / Coisas sem importância / Os jornais sabem escrever / Porém o que interessa / Fica o povo sem saber”. Cuíca era o autor dos livrinhos de histórias que mais vendia na Bahia, sobretudo quando tratavam-se de escândalos.

Além disso, mais do que poeta, Cuíca insistia em dizer que ele era propagandista. Um homem da comunicação. Nada desprezível. Estão muito enganados os que condenam Cuíca pois nada sabem sobre os múltiplos significados da sua atuação. Marginal, sim, porém herói – estava escrito ... e deve cair por terra a tese de que ele jamais poderia valer um livro ou um filme.

Quando nos aproximamos do personagem damos de cara com um tipo altamente complexo, um esteta das partes baixas, como assinala Muniz Sodré, na linha de Bakhtin e dos estudos sobre Rabelais. Esteta das partes baixas, poeta dos porões que espelha e distorce a vida dos becos, dos salões e das alcovas. Os amaldiçoados métodos de chantagem e extorsão atribuídos a Cuíca eram os mesmos utilizados pela imprensa da época. Querer condenar Cuíca e absolver Assis Chateubriand é a manutenção da mesma hipocrisia que Cuíca combatia. O buraco é mais embaixo. Cuíca põe ainda hoje no olho da rua a mesma questão: a venalidade de profissionais, radialistas, jornalistas e de proprietários de veículos de comunicação, que são subornados e pousam de vestais. Cuíca levanta o véu, desvela a cena e é injusto condena-lo. Como poucos naquele momento ele dava visibilidade ao que estava escondido, o fora de cena, o obsceno.

Sem essa de que a sua verve não serve. Calar Cuíca é uma opinião de cortesãos – estes pensam que o personagem indelicado deve ser silenciado. A tentativa de black-out na memória, a sustentação desse ponto de vista, de que Cuíca não merece ser assunto de filme e livro é uma fuga da responsabilidade de enfrentar e assumir as histórias limites. Cuíca, um pequeno Exu, vivia exatamente nas fronteiras do decente e do indecente, ultrapassando os limites, gritando verdades que doíam.

Cuíca de Santo Amaro é um personagem que nos permite por o dedo na ferida neste campo da comunicação. Afinal, foi ele quem teve a coragem, como um pequeno Davi, de encarar e expor podres do sistema de chantagens e extorsões na grande mídia, usual em todo o mundo e em todos os tempos. Cuíca defendeu o seu quinhão com as armas que conseguia reunir. Mas ao contrário de outros jornalistas e radialistas, que recebem suborno e pousam de vestais, Cuíca condena esta hipocrisia, assumindo muitas e muitas vezes a sua produção poética como “matérias pagas”, e não se escondendo atrás de anonimatos.

Ao contrário, Ele, O Tal, um boca de brasa saía todos os dias às ruas e dava os nomes aos bois. Defendia o povo contra os tubarões marreteiros e anunciava o seu compromisso com a verdade. Contra a carestia, a falta de energia, de carne e de pão. A voz do povo. Uma voz desabusada. Porém, quem não quisesse ter o nome sujo exposto em praça pública, que pagasse para que a informação deixasse de circular. Um tipo perigoso. Um poeta picaresco. Macunaímico. Expressão mítica de um herói popular brasileiro.

Um filme buscando a perspectiva popular. O ambiente popular. A paisagem humana. Que já foi captada um dia por Jorge Amado, sim, vista através da poesia e da experiência de personagens do filme: Walmir Lima, Sinézio Alves, Rodolfo Coelho Cavalcante. Jacaré. Chocolate. Miss Piedade, Pureza – a Mulher de Roxo. Imagens e vozes da cidade. Imagens e Vozes do filme. Polifonia. E a voz de Cuíca de Santo Amaro.

Dialogando com e sobre Cuíca de Santo Amaro. Os títulos, as capas, os textos das contracapas, as paródias de músicas de sucesso da época, os versos desabusados. A performance. A teatralidade, a sagacidade, a sacanagem. O comunicador. O propagandista. As repercussões daquela performance – irradiações simbólicas e materiais, corporais. As memórias. “O povo gosta de sacanagem”, ele diz.

Memórias de uma cidade – fiapos de lembranças daquela cidade que seria idílica para alguns, a Corte para uns privilegiados e o ambiente da dor e da alegria para quase todos. A poesia de Cuíca de Santo Amaro, livre, insubmissa quando ele assim o quis. Poesia de maldição e louvação.

Cuíca de Santo Amaro é um arauto. O anunciador. O anjo torto, da boca torta, poeta livre desancando a hipocrisia. A vida privada nas ruas. A verdade que sai das bocas dos becos, dos subterrâneos. Os ricos já não podem continuar impunes. Ao lado deles ainda está a polícia e o Estado. Mas a voz das ruas agora tem Cuíca de Santo Amaro. O Trovador Repórter. Ele, O Tal!

Uma voz que reverbera por uma cidade que já não é a mesma. A cidade negra tropical afrancesada, depois da segunda guerra passou para a esfera da influência norte-americana. Tudo começou a mudar um pouco mais rápido. Até que o Carnaval saiu dos clubes para as ruas atiçadas pelos trios elétricos. Mudam as virtudes e os vícios. A decadência do mundo da Rampa do antigo Mercado Modelo e da rua Chile chiquérrima. Mas uma cidade que ainda tem a poesia, a música, a dança e o imaginário popular espraiando-se, cada vez mais, por todos os lugares.

E para botar mais lenha na fogueira devo finalizar dizendo que os baianos não costumam aceitar facilmente críticas a Jorge Amado, sobretudo no seguinte aspecto: desde quando ser personagem de Jorge Amado constitui um demérito do sujeito? Os romances de Jorge estão repletos de personagens populares de Salvador, do Recôncavo e do Sul da Bahia, todos sabem disso. E todos aqueles que estão imortalizados nos livros de Jorge reconhecem a grandeza do gesto. Cuíca aparece como personagem em quatro livros de Jorge, na peça de Dias Gomes, O Pagador de Promessas; e em livros de Orígenes Lessa[1].

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Sistema público de comunicação: como chegar lá?

"Este é mais um dentre os desafios colocados para os movimentos sociais que vão participar da I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), prevista para dezembro próximo। Há uma grande confusão – conceitual e de legislação – envolvendo o tema e, principalmente, pouca "bala na agulha" na chamada sociedade civil para enfrentar os pesos-pesados das corporações da mídia privada ".
De Curitiba, Jadson Oliveira acompanha os debates preparatórios para a I Confecom, em
em dezembro
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quinta-feira, 9 de julho de 2009

Deputado protocola PEC que restitui exigência do diploma de Jornalismo

Publicado em: 08/07/2009 15:31

Por Ana Luiza Moulatlet e Thiago Rosa/Redação Portal IMPRENSA

Nesta quarta-feira (8), o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) protocolou a Proposta de Emenda à Constituição 386/2009, que visa restituir a exigência do diploma de Jornalismo para o exercício da profissão no Brasil. No dia 17 de junho, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) acabou com a exigência do diploma.

A matéria recebeu 191 assinaturas, 20 além do necessário para tramitar na Câmara dos Deputados.

O deputado formulou a proposta após reuniões com jornalistas, professores e estudantes da área. "Eu acredito que a decisão do STF apresenta um equívoco jurídico que pode abrir um processo de fragilidade em outras profissões", disse o deputado.

Pimenta citou como exemplo o voto do relator da matéria -ministro Gilmar Mendes -que ao votar pelo fim do diploma, defendeu o livre exercício do Jornalismo e de outros setores de trabalho.

Para Pimenta, o jornalismo "é mais do que a simples prestação de informação ou a emissão de uma opinião pessoal". "Ela [a profissão] influencia na decisão dos receptores da informação, por isso não pode ser exercida por pessoas sem aptidão técnica e ética", afirmou, ressaltando que o fim do diploma pode acarretar em baixas salariais, devido ao aumento de profissionais no mercado.

O petista confirmou ao Portal IMPRENSA que se reuniu junto ao presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP) para dar seguimento a proposta. Segundo Pimenta, a Comissão de Constituição e Justiça da Casa (CCJ) deve dar em breve um parecer sobre a constitucionalidade da PEC.

Em outra ocasião, uma PEC sobre o mesmo assunto também foi protocolada no Senado pelo senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE). Na ocasião, o parlamentar conseguiu obter 50 assinaturas.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Diploma de jornalista: começou a reação

Joana D'Arck

Há mal que vem para o bem, diz o ditado popular que espero estar aplicando bem para a questão dos jornalistas. Sei que vai ser dureza reparar o grande mal dos oito ministros do Supremo Tribunal Federal que decidiram jogar o diploma de jornalista na panela do cozinheiro, mas hoje presenciei um ato da categoria como poucos e acendeu a esperança de que podemos reverter a situação a favor da sociedade e da democracia, lutando pela obrigatoriedade do diploma para assegurar um jornalismo de qualidade, como também por uma legislação em favor da liberdade de imprensa e dos direitos do cidadão.

No início da noite desta segunda-feira (06/07), jornalistas veteranos e iniciantes, estudantes e professores fizeram um ato no auditório do Sindicato dos Bancários (Av. Sete de Setembro, Salvador) em defesa do diploma. Colher de pau, nariz de palhaço, fitinha preta na gola da camisa (símbolo de luto) e praguinhas compuseram o cenário de reação. Sim, não foi um mero ato de protesto, mas uma reação, com manifesto, propostas de mobilização e sensibilização da categoria e da sociedade para fortalecer a luta.

Depoimentos sinceros e carregados de sentimentos de indignação e decepção de veteranos, como o da jornalista Isabel Santos ( que compôs a mesa representando a velha guarda), que lutaram para conquistar o diploma e exercer a profissão, e também dos que ainda pagam a faculdade para alcançar o diploma que deixou de ter sentido, porque perdeu a obrigatoriedade marcaram o ato.

O deputado federal Emiliano José (PT), jornalista e ex-professor da Faculdade de Comunicação da UFBa, destacou a aberração gerada pelas decisões do STF: ficamos sem legislação para a mídia, porque derrubaram a lei de imprensa em 30 de abril, sem aprovação de outra normatização para o setor, e derrubaram a exigência do diploma para o exercício da profissão, que é muito diferente de liberdade de expressão, como querem fazer crer. A busca da informação diária, a investigação da realidade dos fatos e a produção da notícia de qualidade, isto nada tem a ver com a expressão de conhecimento de médicos, juristas, religiosos, economistas e outros sobre este ou aquele assunto, o que é assegurado nos artigos das páginas dos jornais e no comentário nas emissoras de rádio e tv.

Kardelícia Mourão, presidente do Sinjorba, observou que não cabe afirmar que diploma não assegura qualidade. Tanto assegura que não se derruba diploma de médicos porque alguns fazem barberagens que comprometem vidas, nem de engenheiros, porque o prédio de Sérgio Naia desabou. "Para os maus profissionais existe a lei", lembrou.

Manoel Macedo compôs a mesa representando os profissionais do interior e propôs a criação de um fórum de debate sobre a questão, como também o envolvimento do maior número de políticos possível em apoio à causa. Aliás, ele chegou com uma delegação de peso que veio de Feira de Santana especialmente para o ato.

No dia 16 de julho vai ter uma reunião da Fenaj com os sindicatos de jornalistas para organizar a luta. No ato de hoje foi aprovado uma ação política e jurídica, buscando apoio da OAB para que os jornalistas entrem com ação contra a União assim que sair o acórdão da decisão do STF, já que todos foram obrigados a ir para a faculdade para poder exercer a profissão.

Foi aprovado por unanimidade o texto do manifesto com o título "Jornalistas baianos em defesa do jornalismo de qualidade" e também apresentadas moções de apoio da OAB-BA, Sindicato dos Bancários da Bahia, CUT e Sindsefaz.

O pontapé inicial está dado. Agora é partir para o contra-ataque.
Hoje de manhã participei da manifestação dos jornalistas em protesto pelo fim da obrigatoriedade do diploma. Foi em frente ao "Sukitão" (prédio do TJ na Bahia). O ministro chefe do STF, Gilmar Mendes estava lá dentro em visita à justiça baiana. Do lado de fora, "meia dúzia" de jornalistas (ao todo 22) com nariz de palhaço, apitos, colher de pau na mão. Fiquei me perguntando onde estariam naquele momento todas aquelas pessoas que escrevem protestos e questionam a falta de mobilização nas listas de discussões na internet. Pensei: todo mundo protesta contra o fim da obrigatoriedade do diploma. Mas ninguém tira a bunda da cadeira.
Apesar da pouca quantidade de pessoas foi uma manifestação significativa. Havia, na porta do TJ, outras pessoas também protestando, clamando por justiça. Uma justiça que parece que nunca chega. Se o ministro não ouviu nossas palavras, outras pessoas ouviram. Advogados, transeuntes e até mesmo juízes. Muitos deles, solidários à nossa causa.
Confesso que a ausência dos nossos colegas hoje de manhã me deixou decepcionada, mas acho que não é hora para ficar apontando as pessoas que não foram. Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Ou de não ser. Mas acho também que ainda é hora de parar de se desculpar pelo que não fez. Trabalhadores todos somos. Temos chefes, tarefas, famílias, filhos, maridos, esposas, pais, mães. Eu mesmo tenho tudo isso e mais. Tenho uma empresa de assessoria de comunicação que emprega jornalistas, tenho clientes a atender, tenho um pai internado em estado grave no hospital. Mas nada disso me impediu que ir à manifestação desta manhã.
Por incrível que pareça, fui à manifestação porque tem tudo isso que citei acima, e quero muito continuar tendo. Fui porque tenho um pai que agoniza no hospital e que trabalhou muito para que eu fosse uma jornalista formada. Fui porque tenho colegas mais jovens que trabalham comigo na minha equipe e muitas vezes precisam ver em mim inspiração. Eles precisam saber que na nossa profissão não basta apenas ganhar o pão de cada dia e olhar apenas para o próprio umbigo. Fui porque tenho duas filhas e uma delas estuda jornalismo e precisa ver em mim o exemplo. Sempre!
Sendo assim, meus caros, desejo do fundo do meu coração, ver, nas próximas manifestações e atividades relativas à defesa do nosso diploma, mais e mais pessoas. Porque é preciso que mais e mais pessoas escutem a nossa voz. Os nossos argumentos. É preciso que todos entendam afinal, que defender a obrigatoriedade do diploma de Jornalismo é também defender a sociedade, a democracia e a liberdade de expressão. A não exigência do diploma, escancara a porta para a corrupção e para a manipulação da informação. Sem o diploma, o jornalista perde muito. Mas perde muito mais a sociedade.
A luta continua, sempre!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

JORNALISTA, REAJA!

CONVITE

Vamos todos à Assembléia Geral – Ato Político contra a decisão do STF.

DIA segunda-feira (06/07)

LOCAL: auditório do Sindicato dos Bancários, Avenida Sete de Setembro, 1001, Mercês, Salvador.

HORÁRIO: 18h30min