sábado, 13 de setembro de 2008

A linguagem nos blogs e nos sites

José Bomfim



Há uns dias eu li na Internet “Seleções se preparam para próxima rodada do qualificatório; Argentina pega Paraguai”. Mas, peraí, qualificatório? Por que não eliminatórias, como a maioria conhece essa fase que define os participantes da próxima Copa do Mundo de futebol?

Essa frase que citei está no UOL, um dos mais equipados e avançados sites mundiais, mas o fato é que blogs, sites e afins de maneira geral estão cada vez mais menos preocupados com a escrita correta e lógica.

No afã de noticiar rapidamente esquecem ou trocam letras e, como sequer relêem o que escrevem, deixam para o leitor decifrar os hieróglifos.

E não estou falando aqui do internetês usado nos e-mails, chats e afins. Reporto-me aos textos jornalísticos de blogs e sites.Se fosse citar quantos erros encontrei hoje iríamos precisar de mais espaço. O objetivo dessa crítica é só para chamar a atenção ao problema.

O leitor deve cobrar mais responsabilidade dos jornalistas que escrevem na Internet. Não revisar o próprio texto é algo inaceitável. E os jornalistas devem ficar atentos porque alguns blogs já estão marcados. Você fala o nome do blog e o interlocutor lembra logo das falhas.


Lugar de repórter é na rua


Seguindo o bom exemplo das queridas Carmela, Mônica e Joana D’Arck, entro na campanha “lugar de repórter é na rua”.

É preciso fortalecer essa campanha, porque aumenta a cada dia o número de profissionais que ligam para assessorias querendo o prato prontinho. E, acreditem! Tem profissionais de uma emissora de rádio que ligam para assessorias querendo “a matéria” – como falam de pronto – sobre denúncia!

Então, são dois crimes graves cometidos pelos pretensos jornalistas. Outros ligam para repórteres de blogs ou sites querendo “o telefone da fonte que forneceu o mote da reportagem”.

1. Eles têm uma pauta sobre denúncia e ligam para a assessoria, abrindo o jogo

2. Não satisfeitos, querem “a matéria” pronta para botar no ar.

Sem meias palavras, é uma burrice misturada com infantilidade. O resultado é que a pauta, talvez interessante, desabe. O engraçado nisso, afinal não podemos perder o bom humor, é que alguns dão bronca, tipo “Essa assessoria não funciona não?”

7 comentários:

Unknown disse...

Realidade trágica essa do nosso jornalismo. Mas acreditem: no interior é um pouquinho pior. Falo por Vitória da Conquista, claro. Qualquer extensão, embora válida, é inferência. Aqui os absurdos vão além. Tem pretensos jornalistas, caras no exercício da profissão, por assim dizer, que vendem matérias que deveriam ser de utilidade pública, cobram extra pela veiculação da informação da assessoria de imprensa e, principalmente, manuseiam a informação segundo o interesse do político que está por trás dela. Fazem isso em nome da 'sobrevivência'. Como diria um folclórico colega daqui dessas bandas, "para onde vamos? Ou será que não vamos?"

Fatima Dannemann disse...

Bomfim, adorei o texto...
pior ainda do que a linguagem dos blogs é a dos chats. entre em um e veja, ehe
ah, concordo plenamente com a campanha lugar de repórter é na rua...
nossa materia prima (o ser humano e a vida como ela é) está lá fora.
beijos e parabens pelo blog

Fatima

José Bomfim disse...

Bom lhe ver aqui Fátima, uma referência para qualidade. E gostei muito do comentário da conterrânea Cipriotha. A realidade sempre é um pouco pior.

Mônica Bichara disse...

Você tem toda razão, Bomfa. Tem site que mesmo sendo um canal importante termina se transformando em motivo de piada. Os erros são tão grosseiros, principalmente nos títulos, que evidenciam a falta de cuidado com a edição. Na semana passada, esse mesmo site (nem precisa dizer o nome p/q todo mundo já conhece a fama)conseguiu a façanha de errar a única coisa que fez na matéria: o título, p/q o texto era de uma assessoria de candidato, na íntegra. Tascou lá um "...prometeu erradir o analfabetismo". Erros acontecem e ninguém está livre, mas o problema é a frequência.
Alguns textos chegam a ser cômicos pela falta de clareza, demonstrando que foram escritos por quem ainda não tem um texto final - reflexo da grande quantidade de estagiários. Tudo bem, não tenho nada contra os estagiários (muito pelo contrário), mas desde que contratem alguém para passar os textos e editar, já que o responsável não se dispõe a isso ou não tem tempo.
Fátima, estava com saudade das suas intervenções. Beleza.

Jadson disse...

Já que o nosso Bomfim “promoveu” o apelo de Joaninha – “lugar de repórter é na rua”–
à categoria de campanha, faço “questã” de engrossar o coro com as companheiras Mônica e Carmela. E dou um conselho aos repórteres, especialmente aos jovens, pressionem seus chefes para mandá-los à rua, vocês vão descobrir como é saudável reportar a partir de gente de carne e osso, de suor e cheiro de suor. Experimentem. (Fico tentando imaginar a reação de um jovem repórter, pensando, isso é papo de velho, ultrapassado, quarentões, cinqüentões, sessentões nostálgicos, no tempo deles não havia a internet...)
Só uma palavrinha pra Cipriotha aí encima: gostei demais do “para onde vamos? Ou será que não vamos?”
Jadson

Carmela disse...

Estou adorando esse debate. Tomara que ajude a despertar a curiosidade dessa nova geração que está chegando às redações.Essa prática diária de buscar a notícia na rua, de conversar com a fonte olhando nos olhos é fundamental para desenvolver aquela percepção que vai além do óbvio.

Anônimo disse...

Colegas, além do bom debate, é muito legal esse nosso reencontro.Vamos convidar mais jornalistas e divulgar o blog também entre professores e estudantes de jornalismo.Joana.