terça-feira, 23 de setembro de 2008

Uma estrela no debate da Aratu

Jadson Oliveira


As matérias que li na imprensa deram mais ou menos a entender (inclusive avaliação aqui no Mídia Baiana da companheira Mônica), mas não disseram com todas as letras. Vou me arriscar a dizer: Imbassahy, apesar de não estar em boa temporada nas pesquisas de opinião, foi a grande estrela no debate promovido pela TV Aratu, no domingo, dia 21.

Creio que os demais tiveram desempenho dentro da média, dentro das expectativas.


Pinheiro sempre firme e seguro, sublinhando sua ligação com Lula e Wagner;


João Henrique vendendo bem seu peixe, às vezes parecendo se assustar e se atrapalhando com o tempo;


ACM Neto (ou seria acm NETO?) mostrando segurança e preparo, se apertando no episódio que relato abaixo ao destacar a performance do candidato tucano; e


Hiiiiiilton 50 (para homenagear o belo reggae de Ednei Santana) na sua catilinária habitual, com temas que seriam pertinentes, mas, infelizmente, fora da pauta dos nossos políticos e de nossa mídia (tema que poderia ser objeto de outra discussão).


Dois momentos


Os quatro, portanto, dentro das expectativas. Imbassahy, porém, foi além das expectativas, em dois momentos:

1) Quando encarou Mário Kertész, que compôs a bancada dos jornalistas (ex-prefeito de grande popularidade e desde então conhecido pelo dom de se colocar bem diante das câmeras e dos microfones, tornou-se um influente radialista e empresário das comunicações). Encarou e deixou Kertész numa situação vexatória, exibindo agressividade e descontrole.

O tucano discutiu com Kertész sobre o episódio que resultou na ação judicial cuja sentença proibiu que o nome de Imbassahy seja citado pela Rádio Metrópole (de propriedade de Kertész).


E chamou a atenção para a mudança de posição do radialista, que durante os oito anos de prefeitura do agora tucano sempre o tratou de forma elogiosa. Mudança que se evidenciou também no tratamento dispensado a João Henrique, outrora alvo de ácidas críticas de Kertész.

2) Quando perguntou a ACM Neto quais os projetos que ele apresentou na Câmara dos Deputados, durante seus seis anos de mandato de deputado federal, com a finalidade de modernizar a cidade de Salvador, levá-la ao século 21, um dos motes mais repetidos pelo candidato do DEM em seus eloquentes discursos. O perguntado falou, falou, mas não respondeu. Não havia nenhum projeto.

Na réplica, Imbassahy - que já esteve junto com ACM Neto nos não tão velhos tempos do carlismo – não perdoou. Disse mais ou menos assim: pois é, não houve projeto algum em seis anos, eu não conheço nenhum... Claro que ACM Neto tentou enrolar, falou dos projetos em favor da Bahia nos quais toda a bancada baiana, inclusive ele, se une pela aprovação. Mas ficou visível o seu desconforto.


Ninguém mais é carlista


(Que coisa! Talvez seja uma boa indagação a ser feita ao ex-governador Paulo Souto. Como as coisas mudam em tão pouco tempo!


Imbassahy, quando Hilton lembrou esta sua antiga condição tentando comprometê-lo com aquele escabroso caso dos grampos sofridos por adversários políticos do velho cacique, deu um chega-prá-la rapidinho, me deixa fora disso, não tenho nada a ver com isso... Até o ACM Neto agora prefere ser chamado de Neto. Uma prova de argúcia, sem dúvida, embora possa gerar um certo espanto se vemos o fenômeno dentro de um prisma mais humanista. Humanismo??!!, exclamarão, que coisa mais anacrônica!)

(Abro outro parêntese para não perder a oportunidade. Vocês já imaginaram se o velho ACM acordasse por uns momentos – este era um sonho do grande cineasta Luis Buñuel, levantar um pouquinho do túmulo e espiar nos jornais o que estava acontecendo, conforme confessa em sua bela autobiografia Meu Último Suspiro – e lhe caísse nas mãos o novo Correio. Imaginaram?).


Regras do debate



Concordo com a opinião dos companheiros aqui do Mídia Baiana (nos comentários).


O debate foi bom, ou pelo menos não foi chato como se esperava. Casemiro Neto, o mediador, saiu-se muito bem (a bancada dos jornalistas, com exceção de Kertész, também). Alguém aqui apontou sua tolerância com Kertész, mas é compreensível. No entanto, o que sempre me intrigou nos debates com candidatos é o extremo rigor quanto ao tempo usado por eles nas perguntas, nas respostas, nas réplicas e tréplicas.

Realmente, considero um desrespeito, uma descortesia, como os mediadores interrompem abruptamente a fala de um cadidato. Às vezes por questão de um, dois segundos, quatro, cinco segundos, corta-se a frase com a qual se está concluindo o pensamento. Não creio que seja necessário tanto rigor. O candidato fica com cara de um menino, adolescente, admoestado pelo instrutor/professor.


Claro que sempre há os que abusam, querem ultrapassar os limites acordados previamente, mas aí o mediador teria de ter bom senso para administrar a situação.

Um comentário:

Mônica Bichara disse...

Concordo com você, Jadson.
Kertész foi tão grosseiro que o tiro saiu pela culatra. Em vez de deixar Imbassahy constrangido, o colocou em destaque - ele soube aproveitar a situação a seu favor.
Uma coisa que esqueci no comentário anterior: a cara lavada de ACM, o Neto (gostei, Hilton 50), dizendo que os adversários querem reduzir sua experiência a um "discurso manipulado". Manipulado como, cara pálida? Prometeu a surra em Lula, agora assume as consequências. Não foi ele mesmo quem reconheceu que exagerou na dose, mas que amadureceu?
Aliás, por falar em ACM, o Neto, ele precisa se decidir se amadureceu ou se continua sendo "o menino", como diz a nova musiquinha da campanha.
Ah! Pra terminar, vocês repararam que Hilton se referiu ao Aeroporto como Dois de Julho? E de quebra ainda desencavou a ex-secretária Aldely Rocha (tudo que Imbassahy não queria).
Mônica