quinta-feira, 21 de maio de 2009

Se não dá para ser solidário, ao menos respeite

Fala sério! Tantas especulações sobre projetos políticos do presidente Lula porque a ministra Dilma Roussef está passando um momento difícil devido ao tratamento de câncer causa indignação. Parece praga de urubu.

Falar desse assunto é difícil, até porque não sou especialista em doença alguma, nem pelo estudo e nem pela vivência (graças a Deus!), mas se a gente fizer um exercício de memória e prestar atenção em outros casos ocorridos e em curso dá para notar a diferença de tratamento da imprensa.

A belíssima atriz Patrícia Pilar passou pelo sufoco que Dilma vive agora, devido a um câncer de mama, e teve a solidariedade do público divulgada pela imprensa, assim como Ana Maria Braga, que também teve amplo apoio. Diga-se de passagem, a loura chata das manhãs globais teve uma atitude respeitosa com a ministra ao anunciar que ela havia sido internada por causa das dores nas pernas. Explicou, inclusive, sendo experiente no assunto, que durante o tratamento com a quimioterapia mil problemas acontecem, mas ela superou e desejou que Dilma também se recupere.

O vice-presidente da República, José Alencar (êita homem retado de forte!) também vive mais um momento dramático com a descoberta de nódulos no intestino, depois de ter passado por várias cirurgias, a última prolongadíssima, e resiste bravamente. Alencar merece um comentário à parte, porque a sua tranquilidade e determinação são impressionantes. É bonito também ouví-lo falar do seu amor pela vida e da naturalidade da morte. E a cobertura jornalística sobre ele mantém uma formalidade, limitando-se a informar o problema, sem conotação especulativa.

Nos casos das artistas globais, tá certo que o público é diferente, mas não foi criado um clima de fim do “Mais você” e da estrela de novelas.

Tá certo também que haja uma preocupação com as movimentações políticas visando a sucessão presidencial e que a saúde da ministra, lançada por Lula como sua preferida na disputa para sucedê-lo, seja crucial numa definição. Na primeira complicação da ministra, fala-se até em possibilidade de um terceiro mandato presidencial e institutos de pesquisa já procuram ocupar espaço na mídia com outras alternativas para a disputa de 2010.

Vale lembrar que a prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, também enfrentou um tratamento penoso em plena campanha eleitoral, na qual os adversários chegaram ao ponto de desfilar com um caixão de defunto pelas ruas do município vizinho. Ela foi reeleita e está aí trabalhando com a garra de sempre.

3 comentários:

Jadson disse...

Pois é, Joaninha, para além dos aspectos éticos, tais sacanagens que vemos todos os dias na nossa grande imprensa têm um pano de fundo: a mídia reflete as dores, os sentimentos, os desejos, as teses, enfim, a ideologia da direita. Alguns defendem, como José Arbex, combativo articulista da Caros Amigos, que ela é o verdadeiro partido da direita brasileira.
Primeiro eles começaram a detonar a Dilma Rousseff, é só lembrar a Folha de S.Paulo fabricando matéria mostrando a “guerrilheira” querendo seqüestrar Delfim Neto.
Agora, graças ao imponderável, eles vislumbram a possibilidade de ter a preferida do Lula fora do jogo. Então, não conseguem se segurar.
Um terceiro movimento é o fantasma de mais um mandato do Lula.
Ontem vi uma matéria na TV do Silvio Santos com uns deputados falando em apresentar projetos/emendas para terceiro mandando e prorrogação de mandato. A repórter falava num deputado e pau, esculhambava o cara, falava em outro e pau, esculhambava o cara. E o âncora, Nascimento, mostrando aquela sua dentadura inferior parecendo um serrote, fechava mais ou menos assim: “o presidente Lula já disse repetidas vezes que não quer saber de novo mandato ou prorrogação de mandato”, como se dissesse “t’esconjura satanás!”
Eles devem pensar: porra, a gente querendo se livrar da preferida do homem e aparece o pior, a ameaça de ter que enfrentar o próprio. Aí é demais!
E olhe que não se trata de nenhum esquerdista de quatro costados, ele mesmo faz questão de dizer que não é.
É um presidente que manteve a criminosa política econômica neoliberal de FHC, que engorda sempre mais os ricos. Mas (tem sempre o diabo do mas), teve a ousadia de ampliar as políticas de assistência social para aliviar a situação dos pobres (isto eles não perdoam, eles querem é que os pobres sifo), inclusive agora com a crise do capitalismo – o governo acabou de ampliar ainda mais a bolsa família para quase 13 milhões de famílias.
É um presidente que tem ótimas relações com Obama, como, aliás, tinha com Bush, mas (olha o diabo do mas), mantém ótimas relações com Chávez, Evo e até com el diablo mayor Fidel (e isto eles também não perdoam).
Estou convencido (só faltou a língua presa, é a expressão predileta do Lula) que é difícil encaixar o dito cujo num “ismo” disponível. Sei que, debaixo (ou encima) de tantas contradições e pauladas, ele consegue se sair bem (e isto, TAMBÉM, as corporações da mídia não perdoam).

Mônica Bichara disse...

Parabéns, Joana e Jadson, pelas considerações. É isso mesmo, a mídia (grande, gorda, PIG....sei lá mais o quê) não aceita a aprovação do presidente/trabalhador e vibra, sem disfarces, com a possibilidade da candidatura de Dilma naufragar. Para uma pessoa já fragilizada pela doença (mesmo a guerrilheira Dilma, tida como uma fortaleza, se fragiliza num momento desses), ser tratada publicamente como descartável é arrasador.
Bem lembrado o caso de Moema, que deu nó em pingo d´água e se reelegeu de forma brilhante, dando uma guinada no que parecia mais um "enterro" de liderança progressista. Só que em vez de esmurecer ela encontrou forças para revitalizar a campanha, a política e a própria saúde. Espero que com Dilma aconteça a mesma coisa. beijos

Cristiana de Almeida disse...

Olá, gostaria apenas de salientar que essa história de desfilar com caixão, no caso da prefeita Moema, não ocorreu como foi publicado na mídia. O candidato adversário jamais atuou dessa forma. Acompanhei de perto o processo. Isso foi um boato que correu. Claro que uma ofensa dessas deveria ser punida. Obrigada.