segunda-feira, 6 de julho de 2009

Hoje de manhã participei da manifestação dos jornalistas em protesto pelo fim da obrigatoriedade do diploma. Foi em frente ao "Sukitão" (prédio do TJ na Bahia). O ministro chefe do STF, Gilmar Mendes estava lá dentro em visita à justiça baiana. Do lado de fora, "meia dúzia" de jornalistas (ao todo 22) com nariz de palhaço, apitos, colher de pau na mão. Fiquei me perguntando onde estariam naquele momento todas aquelas pessoas que escrevem protestos e questionam a falta de mobilização nas listas de discussões na internet. Pensei: todo mundo protesta contra o fim da obrigatoriedade do diploma. Mas ninguém tira a bunda da cadeira.
Apesar da pouca quantidade de pessoas foi uma manifestação significativa. Havia, na porta do TJ, outras pessoas também protestando, clamando por justiça. Uma justiça que parece que nunca chega. Se o ministro não ouviu nossas palavras, outras pessoas ouviram. Advogados, transeuntes e até mesmo juízes. Muitos deles, solidários à nossa causa.
Confesso que a ausência dos nossos colegas hoje de manhã me deixou decepcionada, mas acho que não é hora para ficar apontando as pessoas que não foram. Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Ou de não ser. Mas acho também que ainda é hora de parar de se desculpar pelo que não fez. Trabalhadores todos somos. Temos chefes, tarefas, famílias, filhos, maridos, esposas, pais, mães. Eu mesmo tenho tudo isso e mais. Tenho uma empresa de assessoria de comunicação que emprega jornalistas, tenho clientes a atender, tenho um pai internado em estado grave no hospital. Mas nada disso me impediu que ir à manifestação desta manhã.
Por incrível que pareça, fui à manifestação porque tem tudo isso que citei acima, e quero muito continuar tendo. Fui porque tenho um pai que agoniza no hospital e que trabalhou muito para que eu fosse uma jornalista formada. Fui porque tenho colegas mais jovens que trabalham comigo na minha equipe e muitas vezes precisam ver em mim inspiração. Eles precisam saber que na nossa profissão não basta apenas ganhar o pão de cada dia e olhar apenas para o próprio umbigo. Fui porque tenho duas filhas e uma delas estuda jornalismo e precisa ver em mim o exemplo. Sempre!
Sendo assim, meus caros, desejo do fundo do meu coração, ver, nas próximas manifestações e atividades relativas à defesa do nosso diploma, mais e mais pessoas. Porque é preciso que mais e mais pessoas escutem a nossa voz. Os nossos argumentos. É preciso que todos entendam afinal, que defender a obrigatoriedade do diploma de Jornalismo é também defender a sociedade, a democracia e a liberdade de expressão. A não exigência do diploma, escancara a porta para a corrupção e para a manipulação da informação. Sem o diploma, o jornalista perde muito. Mas perde muito mais a sociedade.
A luta continua, sempre!

2 comentários:

Mônica Bichara disse...

Parabéns Jô e Sueli pelos textos. Também fui à assembléia da noite nos Bancários (não pude ir na do CAB), e saí com essa impressão de que, aos poucos, a categoria começa a tomar consciência de que o que era uma ameaça virou realidade. Uma absurda realidade contra a qual precisamos mesmo reagir. Metade do auditório estava ocupada, quorum bem maior que os 10 ou 12 gatos pingados que protestaram em frente ao Fórum, acho que em maio, ou que a meia dúzia que tentava chamar atenção do público em frente à OAB, na Piedade. Já é uma reação e espero que ela se multiplique. Vamos manter e ampliar a mobilização pra tentar reverter essa aberração aprovada pelo STF.

Suely Temporal disse...

Isso, meninas! Vamos reagir! Meu texto não quer julgar as pessoas que não foram. Mas precisamos reagir. É muito fácil ser revolucionário só pela internet.