quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Pesquisas e pesquisas

Jadson Oliveira

Notícias e comentários sobre pesquisas de opinião nos diversos meios de comunicação nos bombardeiam a todo momento (agora com os blogs e sites, não são diversos, são inúmeros).
Li ultimamente análises dos números das últimas pesquisas sobre as eleições de Salvador, feitas com ponderação pelos companheiros Tasso Franco (Bahia Já) e Oldack Miranda (Bahia de Fato).

Já vinha acompanhando as notas do companheiro Levi Vasconcelos, em A tarde, sempre bem equilibradas.
Uma delas, que me despertou interesse, talvez pela originalidade (seria isso um elogio?), aventava a hipótese: e se der Walter Pinheiro e João Henrique no segundo turno?
Uma especulação instigante, digna do talento do nosso Levi. (Hoje, por sinal, ele antecipa novos números que devem chegar aí pelo DataFolha).

Me permito, porém, algumas modestas observações, não diretamente sobre as avaliações dos colegas citados, mas de caráter geral sobre o tratamento dado pelos jornalistas a tema que adquiriu tanta relevância em todas as eleições. A ponto das tais pesquisas se transformarem em fator quase decisivo no momento em que o eleitor vai escolher seu candidato.

Medidor ou indutor?

Fico imaginando até que ponto uma pesquisa é apenas o medidor do momento quanto à aceitação de cada candidato. E até que ponto é um fator que induz ou não a opção do cidadão. Devem ocorrer, na verdade, as duas coisas, interagindo-se mutuamente.

Então, é necessário muita cautela por parte dos agentes da mídia, no sentido de minimizar os efeitos deletérios das pesquisas e aproveitar o máximo possível seus efeitos benéficos, tudo dirigido para que a vontade do eleitor seja respeitada. (Sem esquecer, claro, que tal vontade já é violentada por fatores enraizados em nossa realidade, como miséria, ignorância e dinheiro. Temos melhorado neste campo, mas estamos longe...)

A manipulação deliberada das pesquisas faz parte do jogo eleitoral. Pensem comigo: por que as discrepâncias entre os números de pesquisa de boca-de-urna e os do resultado final da votação são geralmente tão pequenas?


Há sim tendências


Não dá, portanto, para ficar alardeando e fazendo manchete com diminuta subida ou descida dos candidatos nos percentuais das sondagens dos diversos institutos. E algumas manchetes são por demais estranhas, para falar com moderação.

No caso de Salvador, há sim tendências que podemos identificar no decorrer de várias pesquisas dos vários órgãos, como a descida de Imbassahy e a subida de Pinheiro. ACM Neto continua, até agora, mantendo seu primeiro lugar, enquanto João Henrique, sem variações expressivas, disputa atualmente o segundo lugar com Pinheiro e Imbassahy.

Fora isso, há as avaliações mais criteriosas dos especialistas (marqueteiros) que estudam as pesquisas para municiar suas estratégias de campanha, mas isso normalmente não é divulgado para o grande público.

Também, às vezes, o eleitorado se rebela e não dá bolas para o roteiro elaborado pelos especialistas. Aí, é um Deus-nos-acuda, e os institutos tratam de ir ajustando seus números, até ajustá-los definitivamente na boca-de-urna. Até hoje ninguém esqueceu o caso exemplar da vitória de Jacques Wagner na última eleição para governador.

Um comentário:

Anônimo disse...

Jadson, a eleição de Wagner jamais será esquecida, justamente por ser exemplar dessa prática tão comum de manipulação das pesquisas (não só as eleitorais). Também tenho acompanhado os comentários de Oldack e Levi com atenção, p/q alguns comentaristas são (desculpem o trocadilho) sem comentário. Mais tendenciosos, impossível.
Mônica