domingo, 19 de outubro de 2008

Campanha de uma nota só

Carmela Talento


Apesar do tempo reduzido de propaganda eleitoral gratuita, nesse segundo turno, os candidatos ocupam o horário no rádio e na televisão com musiquetas e na disputa por Lula. A expectativa dessa segunda fase era exatamente a discussão mais aprofunda das propostas para melhorar a cidade e a vida das pessoas.

Será que tem alguém pensando que a eleição é para escolher o melhor jingle de campanha?

Os candidatos ainda não discutiram com a população, por exemplo, a situação financeira do município.

Afinal, a cidade está ou não falida?

Responder a essa indagação é fundamental até mesmo para que depois de sentado na cadeira do Prefeito o vencedor não venha dizer que não dá para atender às demandas da cidade por falta de recursos.

Outro problema é a questão da saúde, que é seríssimo. Somente as pessoas que precisam de assistência médica no serviço público sabem os transtornos que enfrentam para serem atendidas.

A situação da saúde é grave até que ponto?

Falta recurso ou competência para administrar?

Não adianta dizer que vai construir mais postos, ou que vai botar os atuais para funcionar sem discutir a questão de forma transparente com os principais interessados que são os eleitores e os usuários do sistema público. Alias, acho que os prefeitos, governadores e os secretários de saúde em todo país deveriam assumir o compromisso de, em caso do doença, usar apenas os postos e hospitais públicos. Ai sim, poderiam dizer com propriedade, se o sistema funciona ou não.

Qual o déficit que temos hoje de postos de saúde e de médicos?

Quanto em dinheiro será necessário para que Salvador tenha uma rede minimamente eficiente com todos os postos funcionando, com médicos e medicamentos em quantidade suficiente para atender à demanda? Existem recursos para isso? Quanto tempo ainda vai precisar para garantir um atendimento minimamente digno em todas as unidades? É verdade que as ambulâncias ficam paradas por falta de dinheiro para a manutenção?

Para que o próximo prefeito tenha o respaldo da população, em primeiro lugar precisa da cumplicidade da cidade e isso somente será possível com uma discussão sincera, quase didática do que está acontecendo com as finanças do município.

Como estão funcionando hoje as atuais secretarias? Os recursos definidos no orçamento e nos programas estratégicos estão realmente sendo repassados? Está tudo funcionando perfeitamente? Todas as metas estão sendo executadas? É verdade que em algumas secretarias falta até papel higiênico?

O prefeito João Henrique, candidato à reeleição, precisa fazer esse diagnóstico para a cidade. E o candidato Pinheiro, também tem obrigação de saber qual a real situação financeira da Prefeitura. Esse debate tem que ser travado pelos dois candidatos sob pena de se concretizar nesse segundo turno uma campanha apenas de faz de conta, onde tem um "super-Lula" e basta ter o apoio dele para que tudo funcione perfeitamente bem.

Outra coisa, não interessa esse papo de dizer que alguns partidos ficaram 40 meses no governo e não fizeram critica que só agora estão fazendo. Isso é uma estratégia para desqualificar e inibir a discussão séria dos problemas da cidade. E, na verdade, o que se quer não é a critica pela critica.

O que se espera é um debate transparente, sem truques e sem falsas ilusões.

8 comentários:

Anônimo disse...

A companheira Carmela nos faz uma boa avaliação – certeira na minha modesta opinião – da campanha eleitoral agora no segundo turno. Se surgissem manifestações deste tipo com frequência em nossa imprensa, talvez este quadro tivesse se alterado. Claro que o essencial, creio eu, seria a participação, a pressão de movimentos sociais afinados com os reais interesses da população, especialmente seus segmentos mais carentes. Como nos falta este codimento, seria o caso dos agentes de nossa mídia colaborarem para o avanço qualitativo do processo político-eleitoral.

Anônimo disse...

Ótimas questões. Primeira capital que nunca teve o status reconhecido de 3a. metrópole do país. Deveria ter uma atenção muito maior dos governos federal e estadual. Culpa das suas administrações, principalmente, mas também, do fato de que não está no eixo político-econômico do país. Cidade pobre, com um metrô atrasado, ultrapassado e insuficiente; PSF desestruturado desde o começo, o que faz com que Aracaju ou Conquista esteja anos à frente, pra não falar em BH. Cidade falida. Triste Cidade da Bahia, quão dessemelhante estás e és.

Tais Bichara disse...

"Apesar do tempo reduzido de propaganda eleitoral gratuita, nesse segundo turno, os candidatos ocupam o horário no rádio e na televisão com musiquetas e na disputa por Lula."

Acho que ninguém aguenta mais isso. Ninguéma aguenta mais essa falta de respeito e de compromisso para com os eleitores. Uma disputa infantil, que chega a irritar.

Rodrigo Carreiro disse...

A população anda cega, como sempre. O pior é que esse tipo de campanha e de posicionamento dos candidatos já estava previsto, ou seja, nenhum deles têm a mínima condição de governar nossa cidade. É triste.

Carmela disse...

Enquanto os políticos não entenderem que é necessário se estabelecer um dialogo honesto com a sociedade, sem truques, sem essa pirotequinia que fazem durante as campanhas para mostrar que é tudo muito fácil de resolver, quando na prática isso não acontece, dificilmente terão a cumplicidade dos eleitores. Incluir a verdade como matéria prima nas campanhas ainda é a melhor solução.

Anônimo disse...

Na minha opinião as pessoas que estão na política deveriam repensar essas campanhas, estão muito, muito chatas mesmo e os debates piores ainda.Felizmente tá acabando.
Lica

Anônimo disse...

Acho que esta campanha deveria ter anti dopping

Anônimo disse...

Esqueceram as propostas que são essenciais para nossa cidade como reforça o autor e partiram pro ataque recíproco, lastimável. Notadamente o PT, partindo para a baixaria sem fundamentos. O que será que melhorará com a suposta vitória de Pinheiro? Será que Lula vai botar ele no colo chamar de filho e ninar?
Infelizmente é uma vergonha perceber que os anos passam e nossa democracia não amadurece. A verdade é algo preponderante para a subsistência de qualquer grupo humano.
Roger A.