segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Márcia Rodrigues

José Bomfim
Um dia de muita tristeza, esta segunda-feira, 6 de outubro. Aquela tristeza infinita de que fala o poeta.
Logo cedo eu fui informado da morte de Márcia Rodrigues, menina que conheci no Jornal da Bahia. Eu, editando, ela estagiando. Ano de 1989. Tempos depois, profissional, Marcinha mostrava seu talento em jornais e na Agecom. Sempre nos falávamos, por telefone, por e-mail. E para não fugir à regra, sempre combinávamos um encontro que jamais acontecia. O almoço, o jantar, nada.
Há quatro anos, nos encontramos no sepultamento de Irecê, no Campo Santo. Depois, outro encontro, em cemitério, no Jardim da Saudade, pra não variar, sepultamento de colega jornalista.“Puxa, Brown, precisamos marcar esse encontro, conversar, falar da vida, de como o jornalismo está mudando”, disse-me Marcinha.Concordei com ela, ambos acrescentando que jornalista precisa perder o hábito de só se encontrar quando um colega morre.
Forte e destemida, Marcinha reagiu à doença que a atingiu há quase quatro anos. Lutava com a fé de quem sempre foi uma abnegada na profissão e na defesa dos familiares. Falava de seu namorado, elogiando-o pela parceria nessa luta, de amigos que nunca a abandonaram. Mas sempre num tom que revelava o alto-astral com que pontuava suas ações.
No Sarapatel (seu blog), escreveu no dia 28 de setembro sobre a morte de Paul Newman. No orkut, a comunidade Repórter Márcia Rodrigues é uma demonstração do carinho que os coleguinhas tinham por Marcinha.E é assim que eu queria falar de Márcia Rodrigues. Com uma tristeza devorando o coração, mas levando esses links quem ler essas informações para que conheçam um pouco desse ser tão interessante, leal, honesto.
O sepultamento será amanhã, às 10 horas, no Jardim da Saudade, em Brotas. O corpo será velado numa capela do Jardim da Saudade. Saudades, Marcinha, abraços.







Joana D'Arck



Conheci Marcinha ainda na Tribuna da Bahia, quando eu editava política e ela era repórter. Nos reencontramos há dois anos no curso de pós-graduação em Marketing Político e travamos uma batalha logo no primeiro dia, quando a turma decidiu eleger o líder, num processo que consideramos apressado e equivocado.

Insisti com a companheira e ela topou se candidatar a líder da sala num novo processo. Perdemos, mas vivenciamos um momento muito interessante de disputa política, bastante enriquecedor.


A foto acima expressa um dos bons momentos que vivemos nesse período, mas foi por pouco tempo que pudemos contar com o humor, a desenvoltura e o espírito crítico da companheira cheia de sonhos e planos, porque ela acabou desistindo do curso.

Reencontrei Marcinha novamente na Assembléia Legislativa e por várias vezes ela relatou a luta que travava para vencer a doença, em alguns momentos bastante abalada, mas sempre procurando reagir.

Realmente Bomfim, só o poeta para expressar essa tristeza de hoje. Mas quero guardar a lembrança de uma companheira que buscava a alegria sempre, exibindo aquele sorriso aberto e cativante.

3 comentários:

José Bomfim disse...

De Angola, nosso amigo Nestor Mendes Júnior mandou essa emocionante mensagem. Confiram:

Amigos,

Daqui de Angola, não tenho o que dizer muito: só chorar a minha dor por minha Márcia XM (uma brincadeira nossa), mulher inteligente, espirituosa, afetiva, solidária. Ponto de luz que se apaga nesse lábaro já não muito estrelado da Bahia.

Meu abraço, nesse instante, a seu pai, a Alessandro, aos seus irmãos, e aos seus amigos mais diletos: Ana Cristina, Ana Lívia, Ronaldo, Marcus Gusmão, Nilson, Carol, Alexandre Augusto, Fernando Vita, Fernando Barros, Tasso Franco, Bonfim Brown, Araken, Paulo Bina, Délio Ferraz, Paulo Mocofaia, Franciel, Coronel Raikil, Humbertinho, JP, Luiz Carreira e o governador Paulo Souto, entre tantos companheiros e admiradores.

Por coincidência estou lendo o poeta moçambicano Rui Knopfli, que traduz melhor o que sinto neste instante.

Nestor


Testamento

Rui Knopfli



Se por acaso morrer durante o sono

não quero que te preocupes inutilmente.

Será apenas uma noite sucedendo-se

a outra noite interminavelmente.



Se a doença me tolher na cama

e a morte aí me for buscar,

beija Amor, com a força de quem ama,

estes olhos cansados, no último instante.



Se, pela triste monotonia do entardecer,

me encontrarem estendido e morto,

quero que me venhas ver

e tocar o frio sangue do corpo.



Se, pelo contrário, morrer na guerra

e ficar perdido no gelo de qualquer Coréia,

quero que saibas, Amor, quero que saibas,

pelo cérebro rebentado, pela seca veia,

pela pólvora e pelas balas entranhadas

na dura carne gelada,

que morri sim, que não me repito,

mas que ecôo inteiro na força do meu grito.


Nestor Mendes Jr.
Tel.: (12) 3212 2746
Skype: «mendes.jr.»

Mônica Bichara disse...

Que lindo, Nestor! Uma lembrança digna de Marcinha.
Você, Bomfim e Jô conseguiram descrever exatamente como ela era: um doce de pessoa, mas ao mesmo tempo uma fera para trabalhar. Hoje de manhã quando falei com Lu (Amorim), tive a dimensão da falta que ela fará.
Assim como os demais, também quero lembrar de Marcinha pelo entusiasmo que ela transmitia, pelo alto astral, pela disposição para lutar por cada dia.
Triste saber que amanhã vamos todos nos rencontrar para mais uma despedida, mais um adeus a um dos nossos. Assim é a vida.

Fernando disse...

Uma tristeza indescritível, Marcinha foi uma pessoa que me ajudou muito em minha vida profissional, fui estagiário dela e tive o prazer de me tornar amigo. Sinto uma dor como quem perde um parente muito próximo,deixo meus sentimentos para os amigos, parentes e para Alessandro que eu também tive o prazer de conhecer. Deixo uma mensagem: " EXISTEM PESSOAS QUE NASCEM COM O DOM DE FAZER AS PESSOAS FELIZES E MARCINHA NASCEU COM ESSE DOM, DEUS A CONVIDOU AGORA PARA SER UM ANJO AO SEU LADO... ELA FICARÁ PRA SEMPRE NAS NOSSAS LEMBRANÇAS. "