quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Pragmatismo político

José Bomfim


Há pouco mais de um mês pessoas bem intencionadas manifestavam seu repúdio pelo tom da campanha do candidato Roberto Muniz, do PP, contra a candidata Moema Gramacho, do PT. O repúdio vinha em conseqüência do nível rasteiro utilizado para tirar votos da candidata. O resultado das urnas, com a reeleição de Moema, foi a demonstração perfeita de que a tática ou a falta de escrúpulos não foi aceita pelos eleitores. Bom para a ética.

No entanto, trinta e sete dias depois, o governador Wagner e sua equipe demonstram que pouco importou o que aconteceu na campanha e o que vale mesmo é o tal pragmatismo político.

Trazer o PP para a base do seu governo é compreensível, dentro do que se estabeleceu no modo petista de governar, mas não poderia ser outro ou outra secretariável?

As feridas abertas durante a campanha - na qual, em carreata, partidários do Roberto Muniz desfilaram com um caixão simbolizando a morte da adversária – estão bem vivas.

Com tantos motivos para comentários nas páginas de política, o assunto rendeu nos sites e blogs, ontem à tarde e nos jornais impressos de hoje.

Ressalto a nota dos petistas de Lauro de Freitas – “Em 2004, saímos vitoriosos do pleito municipal com a nossa candidata à Prefeitura Moema Gramacho, que encontrou na força da nossa militância energia para enfrentar a campanha machista, difamatória e irresponsável da panelinha formada por João Leão e Roberto Muniz. Em 2006, fomos fundamentais, como os demais municípios baianos, na sua eleição para governador da Bahia, que contou com franca oposição dos parlamentares pepistas”, diz parte da nota – publicada no blog Política Livre.

É um assunto que ainda vai dar muito pano pra manga.

10 comentários:

Mônica Bichara disse...

Concordo, Bomfim. Quando li a primeira notícia aventando a possibilidade do Muniz ser nomeado para uma secretaria do governo Wagner dei risada, pois imaginei ser uma piada de péssimo gosto. A confirmação me pegou de surpresa e por mais que procure entender o jogo político, a necessidade de alianças, de garantir a governabilidade ..., esse tal "pragmatismo político", não consigo aceitar a escolha. Será que o PP só tem esse nome a oferecer ao governo? Nesse caso, que raio de diferença faz essa aliança? Ah! tem os prefeitos... Sim, mas tinha que ser o Muniz? E Moema, como fica nessa história? E o apoio que Wagner deu a ela na campanha, onde foi parar?
Me revoltei com o baixo nível da campanha enfrentada por Moema em Lauro de Freitas e até escrevi aqui no Mídia Baiana um texto justamente em solidariedade à prefeita (reeleita) pelas agressões que vinha sofrendo num momento tão delicado da sua vida. Por parte de quem? Dos partidários do novo secretário e do próprio. Por isso entendo a reação do PT municipal.
Não acredito que Wagner, de uma hora para a outra, tenha deletado todas as ofensas dirigida a ele, ao seu governo, ao PT e aos seus companheiros durante a campanha. Então, como explicar essa nomeação? AH!, lembrei: é o tal pragmatismo político.

José Bomfim disse...

Pois é, Moniquinha, em nome do pragmatismo político estão praticando todo tipo de licenciosidade partidária. E o eleitor, como fica? E o próprio governador, que garantiu ao assumir que seu governo seria formado por quem "comeu sal e poeira" ao longo de sua jornada? Será que o "companheiro" Roberto Muniz provou desse menu? E o machismo canalha escancarado na campanha contra a adversária desaparece assim da noite pro dia? Em A Tarde, de hoje, há uma excelente reportagem de Patrícia França com a prefeita Moema Gramacho. Acompanha a matéria uma nota de petistas de Lauro de Freitas, insatisfeitos com a escolha de Jaques Wagner.

Anônimo disse...

Já dizia Cazuza:
"Meus heróis morreram de overdose..."

Mônica Bichara disse...

Gostei da trilha. O complemento poderia ser: E os inimigos estão se infiltrando no poder. Ideologia?
Por precaução, vamos assistir "Dormindo com o inimigo".

Anônimo disse...

Acompanhem o raciocínio : Wagner segue Lula, que fez alianças pela governabilidade. Lula amacia a direita na AL e nos hemisférios, para que os companheiros Morales e Chavez possam arrochar o nó. É um jogo de equipe para que a esquerda volte ao poder. La luchta continua companjeiros ! Vamos a ganar!

Anônimo disse...

Idealmente deveria haver uma pedra no caminho do pragmatismo político significando o que é inegociável: a vida e a dignidade dos outros e de nós mesmos.Há séculos as pessoas masacram as outras em nome da religião e da política (ou melhor, do dinheiro e do poder).A ética de qualquer partido se torna elástica, ou desaparece, quando esbarra com as metas de seu programa de poder.
Não foi surpresa a indicação de Muniz (política é isso aí, gente), mas fiquei chocada mesmo sendo cética.É como se, não bastando tudo o que Moema passou e ainda enfrenta, ela sofresse um novo golpe, desta vez vindo de sua própria gente.

Jadson disse...

A troca de Geraldo Simões por Roberto Muniz tem gerado uma grande polêmica. Nas matérias, notas e notinhas que proliferam nosjornais baianos (e nos demais veículos certamente) há quem condene a indignação dos petistas de Lauro de Freitas e há quem elogie a postura "de estadista" de Simões. É muito pragmatismo, eta palavra antipática! Confesso minha incapacidade de opinar. Seria rudeza de pensamento? Me consolo, pensando que não consigo enxergar um ingrediente na política baiana (e nacional?) - o protagonismo popular, a participação do povo, dos movimentos sociais... Os partidos, que representam? Então, fica difícil entender esse jogo por cima, esse disse-não-disse das colunas políticas. Quando eu era jovem e jogava futebol, gostava de jogar com a bola no chão, de preferência entre os dois pés (semelhante assim a Maradona). Certamente porque ambos os dois são baixinhos. Lá e cá, haveria alguma analogia?

Jadson disse...

A troca de Geraldo Simões por Roberto Muniz tem gerado uma grande polêmica. Nas matérias, notas e notinhas que proliferam nosjornais baianos (e nos demais veículos certamente) há quem condene a indignação dos petistas de Lauro de Freitas e há quem elogie a postura "de estadista" de Simões. É muito pragmatismo, eta palavra antipática! Confesso minha incapacidade de opinar. Seria rudeza de pensamento? Me consolo, pensando que não consigo enxergar um ingrediente na política baiana (e nacional?) - o protagonismo popular, a participação do povo, dos movimentos sociais... Os partidos, que representam? Então, fica difícil entender esse jogo por cima, esse disse-não-disse das colunas políticas. Quando eu era jovem e jogava futebol, gostava de jogar com a bola no chão, de preferência entre os dois pés (semelhante assim a Maradona). Certamente porque ambos os dois são baixinhos. Lá e cá, haveria alguma analogia?

Jadson disse...

A troca de Geraldo Simões por Roberto Muniz tem gerado uma grande polêmica. Nas matérias, notas e notinhas que proliferam nosjornais baianos (e nos demais veículos certamente) há quem condene a indignação dos petistas de Lauro de Freitas e há quem elogie a postura "de estadista" de Simões. É muito pragmatismo, eta palavra antipática! Confesso minha incapacidade de opinar. Seria rudeza de pensamento? Me consolo, pensando que não consigo enxergar um ingrediente na política baiana (e nacional?) - o protagonismo popular, a participação do povo, dos movimentos sociais... Os partidos, que representam? Então, fica difícil entender esse jogo por cima, esse disse-não-disse das colunas políticas. Quando eu era jovem e jogava futebol, gostava de jogar com a bola no chão, de preferência entre os dois pés (semelhante assim a Maradona). Certamente porque ambos os dois são baixinhos. Lá e cá, haveria alguma analogia?

Anônimo disse...

Aliança e fidelidade. Alguém falou em casamento por aí?
Pois é. E casamentos por interesses sempre resultam em adultério e corações partidos. Partidos? Ah! Estes não têm coração