domingo, 23 de novembro de 2008

SOS Amazônia – A imprensa está surda


Jadson Oliveira



Reativei meu blog, Para não dizer que não falei (http://blogdejadson.blogspot.com/), daqui de Manaus, com a primeira parte do título acima, falando do processo de desmatamento da grande floresta.


Agora, acrescento a segunda parte do título no nosso Mídia Baiana, para tratar da repercussão, nos jornais do Amazonas, sobre o grave quadro apresentado pelo jornalista Washington Novaes (foto) no seminário realizado esta semana (17 a 22/11) na capital amazonense.


(Quem quiser conhecer sua atuação, acesse http://www.tvcultura.com.br/reportereco/artigo.asp).

O encontro, na verdade, foi bem mais amplo, abrangendo, além das questões do meio ambiente, as relacionadas com leitura e literatura, mas vamos afunilar a coisa.

Bem, a repercussão foi zero. Parece não importar à grande mídia o previsível extermínio da floresta, como ocorreu, aliás, com a Mata Atlântica. É só uma questão de tempo, conforme denunciaram Novaes e outros estudiosos durante os debates. Serão meros “catastrofistas”? (Esta palavra me lembra o famigerado FHC).

Temo estar cometendo uma injustiça, pois é claro que não vi todos os jornais (aqui são seis ou sete diários, um exagero se compararmos com Salvador, falarei sobre isso noutro dia) em todos os dias do seminário. Seria inviável, até pelo custo financeiro. Busquei a biblioteca pública, mas está fechada em reforma.

Durante três dias comprei três dos maiores jornais (um em cada dia). O espaço dedicado ao seminário (o nome oficial foi Festival Literário Internacional – Flifloresta) pode ser considerado satisfatório. Mas do conteúdo das palestras e discussões, não encontrei nada. O filé dos debates ficou restrito ao meio acadêmico.

No dia seguinte à palestra de Novaes, o jornal Amazonas em Tempo dá com destaque matéria sobre a leitura para crianças (“O espaço Florestinha vai oferecer opções lúdicas para os pequenos”) e sobre lançamento de livros, tudo dentro da programação do festival. E um artigo de um professor que logo na parte inicial adverte: “Assusta-me sobremaneira discursos xenófobos de proteção à Amazônia...”

Já o jornal “acrítica” (tento imitar a marca do título, parece ser o mais lido) dá a capa do seu caderno de cultura para os escritores indígenas que participam do seminário (por sinal, um tema muito interessante). E ainda, dentro do mesmo caderno, uma matéria sobre a programação.

Quer dizer, cobertura houve, com bastante espaço, mas os pauteiros, como sempre, aqui e acolá, preferem aspectos menos “polêmicos”, menos “incômodos”. Não me venham causar problemas, por favor
!

6 comentários:

Jadson disse...

Graças ao milagre da Internet, estive lendo hoje (domingo, dia 23), daqui de Manaus, nossa velha A Tarde. (Tinha comprado o Diário do Amazonas, logo cedo ao sair para dar uma caminhada, mas resolvi, vou ler primeiro A Tarde). E acertei.

1 – Me deparei com uma matéria interessantíssima, “Operação da Sesp termina em pancadaria no centro”, assinada por Fabiana Mascarenhas (deve ser minha amiga Fabiana, não tenho certeza quanto ao seu sobrenome). O “interessantíssima” vai por conta de 1) dar voz aos que comumente não têm voz em nossa mídia; e 2) por ter sido o nosso prefeito, há apenas um mês, reeleito garantindo que não havia mais “rapa” na cidade da Bahia (criticava o ex-prefeito Imbassahy como perseguidor dos camelôs).
E João resvalou-se para a mesma lama, pau nos ambulantes da ladeira da Lapa, conforme descreve a matéria. “Sabe porque a Guarda Municipal foi criada? Para tomar conta dos ricos, nós somos pobres, vamos apanhar sempre”, queixou-se um comelô, provavelmente eleitor iludido do João.

2 – Mais adiante uma entrevista de página inteira com o economista Nildo Domingos Ouriques, da Universidade Federal de Santa Catarina, dirigente do Instituto de Estudos Latino-americanos (já o conhecia, graças à Caros Amigos), concedida ao repórter Vitor Rocha. O título: “A América Latina precisa ser soberana e autônoma”.
O entrevistado dá sua visão sobre Barack Obama e do processo que chamo sempre de integração soberana da América Latina, a partir do que vem acontecendo na Venezuela, Bolívia e Equador (talvez fosse o caso de se acrescentar a Nicaragua, também – cada um com suas nuances e estágios – Paraguai, Honduras, El Salvador, mas Nildo Ouriques fala basicamente a partir dos três países). Ele diz coisas que são ditas normalmente ao contrário no dia-a-dia de nossa mídia, à qual nos referimos muitas vezes como “opinião pública”.
Uma de suas tiradas: “...a mídia não é tudo. Se fosse pela mídia, (Hugo) Chávez não chegaria, tampouco Rafael Correa e Evo Morales. E Fidel (Castro) já teria sido derrubado”. Ele ressalta um detalhe ao qual tenho me referido, modestamente, repetidas vezes, desde que estive espiando as coisas em Caracas: esses três países superaram a fase da democracia representativa e chegaram à democracia participativa. O movimento popular virou protagonista e isso a direita não perdoa.

Mônica Bichara disse...

A matéria de Fabiana e as fotos de Haroldo Abrantes não deixam dúvidas sobre a truculenta ação do rapa e o caos que se instalou no centro de Salvador. Muito bom o box de Leonardo Leão complementando o assunto, lembrando que durante toda a campanha o prefeito deu a entender que os ambulantes continuariam atuando livremente.
Não foi à toa que na véspera da eleição todas as bancas padronizadas (concessão da Sesp, é bom não esquecer), caixas de isopor, carrinhos de milho e pamonha, água de coco e cachorro-quente, tabuleiros de acarajé e banca de DVD pirata ostentavam o coração amarelo com o 15 de JH. Uma retribuição à promessa de que a bagunça continuaria solta no centro da cidade. Em tempos de desemprego em alta, uma postura prá lá de oportunista. Sobretudo perto do Natal, quando o número de camelôs quadruplica na cidade, transformando em martírio qualquer tentativa de circular pela região, de carro ou à pé.
Mas, pelo visto, tudo não passou mesmo de promessa de campanha. E o sarrafo comeu solto pra cima dos ambulantes, com a ajuda da Guarda Municipal. Os camelôs devem estar arrependidos de terem amarelado na campanha.

Parabéns, Jadson, pelo texto SOS Amazônia. beijos

Anônimo disse...

Enquanto as árvores caem na amazônia, a madeira deita por aqui. Cada camelô tem o superintendente da Sesp que merece. Não? E por que João? Na eleição pra prefeito em Salvador também houve desmatamento. Cortaram Pinheiro, aqui na metrópole.

Anônimo disse...

Ô, Jadson, sai logo daí, rapaz. Este negócio de amazônia não está lhe fazendo bem. Já começou até a elogiar o Vespertino. Neste rojão, daqui a pouco voc~e volta a falar bem de Máro Kertz (vai grafado assim errado mesmo, pois ele merece).

As, sim. A Fabiana do texto do rapa é Fabiana mesmo.

Anônimo disse...

A Sesp é secretaria? Ah, então o chefe é secretário? Aquele que o Diabo manda quando não pode aparecer...

Carmela disse...

Caro Jadson, a nossa imprensa está preocupada com assuntos mais relevantes como o aborto de Ivete sei lá o que, o sexo do filho de Claudia Leite, a separação de Suzana Vieira, o bate boca de Tom Zé com Caetano Veloso, entre outros de igual importância para o destino da humanidade.Essas questões, caro amigo, que ocupam páginas a mais páginas das midias.