domingo, 2 de novembro de 2008

Um ser de luz – Vanderlei Carvalho

Mônica Bichara
Hoje eu queria pedir licença para sair do tema do blog e prestar uma homenagem a um colega muito querido, o jornalista e cantor Vanderlei Carvalho, que há exatamente um ano nos deixou (2 / 11). E da forma mais surpreendente possível.

Até hoje me pergunto: como pode uma bactéria minúscula ter conseguido, em poucas horas, vencer aquele guerreiro que lutou, e venceu, contra uma doença tão assustadora como a AIDS e o preconceito que ela ainda desperta? Difícil acreditar!
Se estivesse aqui Vando com certeza estaria contribuindo com o debate que propomos à categoria nesse blog, porque não era de se omitir. E estava apaixonado por essa coisa de interatividade, de estar sempre em contato com os amigos mesmo que de forma virtual.
Visitar seu blog tinha virado uma mania e dificilmente eu passava um dia sem bisbilhotar o que ele andava escrevendo, vez por outra dando meus palpites.

De repente, o blog de Vanderlei se transformou num espaço apenas de despedida dos muitos amigos que se viram privados dos belos textos e da convivência diária com aquela criatura tão especial, tão alto astral.

Dois momentos marcantes da minha relação com Vanderlei foram embalados pela música “Um ser de luz”, que ele cantou tanto no show do Parque da Cidade quanto no do Acbeu, em homenagem à mãe que tinha falecido antes do lançamento do CD “Eu vou cuidar do meu jardim”. Era a música que ela gostava e tinha pedido a ele para cantar. Não deu tempo de incluir no CD, mas ele cumpriu a promessa e cantou em todos os shows que fez.

No show do Parque da Cidade, à medida que cantava distribuía rosas brancas. Não sei como consegui fazer algumas fotos (péssimas, por sinal) , porque a emoção era muito forte.
Eu queria entender onde ele encontrava tanta força para cantar aquela música, que tinha tudo a ver com a homenagem que prestava à mãe, daquela forma tão alegre e iluminada.

Foi um momento realmente especial na minha vida e eu tive a oportunidade de passar para ele toda a emoção que senti. E ele também se emocionou. O diagnóstico de que minha mãe estava doente tinha sido confirmado recentemente e eu estava bem abalada. E Vando me deu a dica que procuro seguir à risca: aproveite ao máximo a companhia dela, fique o mais perto que você puder.

A última vez que estive pessoalmente com Vando, por triste ironia do destino, foi no hospital, visitando nossa querida (e também inesquecível) amiga Lina, pouco antes dela também nos deixar. Quando ele soube que eu tinha tido um probleminha no coração, me mandou o e-mail mais lindo que já recebi em toda a minha vida, dizendo que a vida não podia ficar sem meus olhos e meu coração. Dois dias depois o safado sai de cena, deixando todos nós sem seus olhos, seu coração, sua voz, sua sensibilidade, seu humor e seus textos maravilhosos. Muita saudade meu amigo.

9 comentários:

José Bomfim disse...

Querida Mônica
Parabéns pelo artigo, por lembrar com carinho de pessoas que conviveram conosco, sofreram as agruras e vibraram com o trabalho bem feito no jornalismo diário, nas assessorias, nas consultorias.
Parabéns!

Vovô Chico disse...

Ah, bom seria que alguns de nós, lembrando dos amigos que já partiram, pudéssemos escrever textos quais os de Mônica... Homenageáveis não faltam, não por terem sido "famosos", por simplesmente por terem formado em nossas fileiras jornalísticas, a exemplo de Chico Bina, Irecê, Gérson Santos, Jorge Lindsay...

***

Mudando de conversa: alguém tem notícia de Angela Peroba?

*

Abraços,

Chico Muniz

Mônica Bichara disse...

Chico, querido, que lembrança boa. Recordar meu parceiro de praia de Ondina - Chico Bina, é sempre uma alegria. Irecê, então, apesar da saudade não dá pra lembrar dele sem dar muita risada e repetir os bordões que sabia criar como poucos ("só a Bahia e os estados que fazem fronteira", "vai chorar, mané?", "se papai for, papai vai, papai" pra a filha Júlia...).
Fico feliz de saber que vc já é vovô e pelo visto tá babando. Com razão. Um beijão pra toda a família e apareça mais por aqui.

José Bomfim disse...

Olá Chico
Ótimo seu comentário, ainda melhor sua presença no Midia Baiana. Você fala com Ângela Peroba no e-mail (angelperoba@bol.com.br). No site do Sinjorba (http://www.sinjorba.org.br/) tem o Pauta Livre de janeiro deste ano, com um texto de sobre alguns dos nossos homenageáveis.
Abraços

Anônimo disse...

O texto de Mônica sobre Vanderlei tocou muita gente mesmo. Lenildes Pacheco, por exemplo, enviou e-mail falando da bela homenagem ao companheiro de enorme sensibilidade e alma de artista. Também quero lembrar do espírito de luta e de grande solidariedade dele, como quando participou intensamente da nossa campanha pelo transplante de Carmel, sem dúvida um grande momento da nossa categoria.

Também quero dizer do quanto fico feliz de reencontrar colegas como Chico aqui no Mídia Baiana. Bom te ver võ Chico. Um abração.

Cristina Amorim disse...

Mônica, Fernanda, minha antiga colega de trabalho na Contraponto me mandou um link falando sobre seu artigo. Mas, por incrível que pareça, só conseguir ler hoje.
Demorei a realizar a tarefa porque sabia o quanto seria difícil voltar a ler sobre ele, porque a saudade continua muito grande e as lágrimas nunca secam...
Só queria lhe o quão belíissimo achei o seu texto. Tão belo que ele me trouxe muito mais emoção que eu imaginava que teria.
Grande abraço!

Cristina Amorim

Unknown disse...

Falar de Vanderlei é falar em jardim,aprendi a plantar de todas as formas e cultivar violeta na cozinha e conversar com ela tem feito um bem na minha vida e faz me fortalecer e pensar a morte não é o final, nascer é que é crucial.

Bjs,
Taisa.

Cristiano Quintanilha disse...

Olá Mônica, sou Cristiano, primo do Vanderlei, sou de Cruzeiro-SP. Gostei muito do seu artigo sobre ele. Realmente ele era uma pessoa muito especial. Era uam festa quando ele aparecia em Queluz-SP e nos encontravamos com ele, nossa última reunião foi num domingo de páscoa. Mais ele esta vivo em nossas memórias. Um grande abraço, embora não te conheça pessoamente. Tudo de bom..........

Unknown disse...

Não o conheci. Apenas tudo que leio. Porém, gostaria de ter conhecido.
Sou amiga do irmão dele. Edilson