quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Um prêmio merecido que A Tarde não valorizou

José Bomfim


Em 14 de novembro, Cleidiana Ramos (foto) recebeu da Secretaria Municipal da Reparação a Medalha Maria Felipa. Estranhamente o jornal onde ela trabalha deu uma notinha quase escondida. Coisa que só descobre quem lê todo o jornal. A Tarde poderia ter dado um destaque, acho.

Maria Felipa foi uma das heroínas da Independência da Bahia, e durante muito tempo foi esquecida pelos historiadores. Segundo alguns relatos da época, ela comandou cerca de 40 mulheres que seduziam os soldados portugueses que vigiavam as embarcações do general Madeira de Melo. Quando percebiam as garotas, ficavam cheios de amor pra dar, mas recebiam mesmo, de Maria Felipa e amigas, surras de cansanção.


Cleidiana tem se destacado no jornalismo com reportagens sobre as causas negras, o resgate dos direitos dos negros e o respeito aos direitos humanos, por isso a Secretaria da Reparação lhe homenageou, faltou o jornal entender a homenagem.


Em novembro de 2006 (na foto) a jornalista e escritora recebeu o Título de Cidadã da Cidade do Salvador, oferecido pela Câmara Municipal da capita baiana, a partir da iniciativa de representantes de movimentos negros e do então vereador, agora todo-poderoso secretário das Relações Institucionais, Rui Costa.



Veja aí a notinha que o jornal fez

A Tarde – sexta-feira, 14/11/2008 – página A8 – Curtas

Evento
Medalha Maria
Felipa para jornalista

A jornalista de A Tarde Cleidiana Ramos recebeu ontem à noite a Medalha Maria Felipa, em evento da Secretaria Municipal da Reparação. O órgão lançou símbolos significativos para o fortalecimento da cultura afrodescendente na Bahia e no Brasil, no auditório do Cefet, diante de representantes de terreiros de candomblé, educadores e autoridades do município e do Estado. A secretaria também lançou a Cartilha Casa dos Orixás, para orientação sobre os procedimentos necessários para o requerimento da isenção tributária e posse fundiária dos terreiros, e o cordel Zumbi D’Angola, de autoria de Feliciano Tavares Monteiro.

6 comentários:

Clécio Max disse...

Coisas da Bahia.
Já um título de futebol, conquistado por um time do Sudeste ou Sul do Brasil, que nada tem a ver com os baianos, por exemplo, tem maior destaque. Quando não ganha uma página.
Na Globo, só para exemplificar, quando um profissinal ganha um prêmio é motivo para matéria, nacional, com chamada de destaque.
Clécio Max

Anônimo disse...

Os gestores deste jornal estão merecendo uma surra de cansanção, como as que tomavam os soldados portugueses.

Anônimo disse...

Parabéns a Cleidiana, o jornal pode obtusamente deixar de dar destaque, mas os colegas e, principalmente, as diversas comunidades e todos os que acreditam em um jornalismo diverso e humanista reconhecem um trabalho sério e coerente.

Mônica Bichara disse...

Pois é, Max, são as prioridades de quem está "podendo" nas redações. Até quando, ninguém sabe!
Não sei a razão, mas cheira a descaso. Não dá para entender um jornal, que se gaba de ter tantos prêmios e de ser o maior do Norte/Nordeste, não aproveitar um gancho desse pra se promover. Em pleno mês da consciência negra, ter um de seus profissionais condecorado com a Medalha Maria Felipa deveria ser motivo de orgulho para qualquer jornal.
Parabéns Cleidiana pelo seu trabalho e continue engajada nessa luta que é de todos nós. Com ou sem repercussão na mídia. Guarde essa Medalha com o maior carinho que ela simboliza sua postura profissional.
Ernandes foi na ferida: só uma surra de cansanção. bjs,
Mônica

Mônica Bichara disse...

Por falar em prêmio e por falar em A Tarde, queria aproveitar a oportunidade para também parabenizar os colegas Vado Alves, Fernando Vivas, Paulo Oliveira e Pierre Themotheo pela classificação como finalistas do Prêmio Esso de Jornalismo 2008, na categoria Primeira Página, pela brilhante capa "Tragédia em sete atos". A equipe mostrou sensibilidade ao apontar o conjunto de fatores que, somados, provocaram a tragédia da Fonte Nova, com um saldo de sete mortos: omissão, negligência, insegurança, irresponsabilidade, ganância e revolta.
Desta vez o jornal acertou ao valorizar, com chamada de capa e manchete na página A7, a classificação. Ser finalista de um Prêmio Esso é, de fato, motivo de orgulho para qualquer veículo de imprensa. Como deveria ter sido, também, a premiação de Cleidiana.
Parabéns a todos.

Anônimo disse...

Grande Vado! Essa classificação é mais do que merecida. Fico muito feliz pelo reconhecimento do seu trabalho e dos colegas Fernando Vivas, Paulo Oliveira e Pierre Themotheo. Parabéns meninos.